quinta-feira, 16 de junho de 2011

Tertúlia Fafense| nº 3 |a Liberdade



A 26 de Abril a Tertúlia Fafense reabriu as suas portas para falar de Liberdade. Convidada do serão a Professora e Activista da Amnistia Internacional, Maria Augusta Ribeiro que realçou, numa abordagem lata do conceito, que a Liberdade é, antes de mais, um estado de extrema exigência para o individuo, um estado que evidencia coragem e uma forma, muitas vezes frequente, de saber lidar com a privação. Nas suas primeiras palavras salientou a importância de caminharmos para uma Democracia mais profunda, mais implicada, passando isso pela a implicação mais funda e mais séria da classe política, mas também dos cidadãos, relembrando que muitos foram aqueles que sucumbiram em seu nome, em nome de um futuro que já é o nosso presente e parte do nosso passado.
Pompeu Martins, a este respeito, deu conta dos passos já traçados pela Câmara Municipal a esse nível, sublinhando a importância de encontrar novas formas de participação dos jovens na vida política, exemplificando com o projecto «Juventude 2010» onde mais de uma centena de jovens fafenses se responsabilizaram por escrever um documento revelador dos seus anseios para o desenvolvimento concelhio,  tendo este acompanhamento permanente no Conselho Municipal de Juventude.
No decurso da conversa, Dulce Noronha sublinhou a urgência de  entender a Liberdade como uma questão também comportamental, dando conta de uma vontade pouco enraizada de participação efectiva nos processos de mudança social. As pessoas intervêm com opiniões, muito pouco enraizadas, muito pouco comprometidas com os seus actos. Uma participação discursiva a contrastar com uma participação activa. No tocante à vida política sublinhou que a política tem o direito à dignidade: que se generalizou o preconceito contra os políticos, sem que os cidadãos, eles próprios, se disponibilizem para a vida pública, para colaborar nos processos de mudança por que anseiam.
Lídia Fernandes, jovem estudante, referiu que a sua geração vê a política de forma muito diferente daquela que é relatada e sentida pelos seus pais. Encara a política como algo que, embora interessando-a  e mostrando-se interessada em participar, tem uma linguagem e uma discursividade distante do seu contexto e do contexto da sua geração.
Isabel Alves entrou na conversa lembrando que a Escola ensinou-lhe muito pouco sobre a ditadura, sobre as reais causas e  consequências do período fascista, sendo algo que empobrece a experiência e a consciência de Liberdade no nosso país.
Dentro de um registo próximo, Nelson de Quinhones salientou o facto de vivermos um tempo em que a Liberdade de falar foi transformada pela proibição de agir, dado o agravamento das condições materiais de vida dos cidadãos que se reflectem na vontade e na capacidade de actuação destes.
João Pinto trouxe à Tertúlia filmes sobre Liberdade, entre eles «Tempos Modernos», «Germinal»,  «O Grande Ditador», «Azul, Branco e Vermelho»,  «Havana, cidade perdida», «A Vedação», «Lápis de Carpinteiro» e «Índios da Meia Praia».
Marisa Silva trouxe a escultura «Talvez Liberdade» de Ricardo Tomás, um trabalho que gerou interpretações várias entre os presentes, denotando estas as múltiplas leituras do conceito de Liberdade através da obra visionada.  


Sem comentários:

Enviar um comentário